29.10.07

Lugar-comum

Eu vivo correndo o mundo. Os tempos pra mim não passam. Não consigo parar, pensar demais. Faço tudo ao mesmo tempo agora. Suspeito de mim, não consigo desacreditar-me. Mesmo levando porradas continua a busca, as vezes, não sei nem de quê. Mas continuo. Escutar os outros, para mim, atrapalha. Tenho metas, tenho planos mil. Tenho como chegar ao que quero. Procuro não me abater por pouco, ou por muito. Acredito em mim, mesmo acreditando em você também. Apenas a minha opinião é mais relevante. Calculo? Sim. Faço previsões? Sim. Dão certo? Sim e não. Tudo é relativo. Tudo é perfeitamente imprevisível. Vai dar certo? Vai, por que não? Se depender de alguns, nunca vai dar certo. Mas não depende só de alguns, depende de uns. E esses uns são eles mesmos. São eles que quero. São eles que fazem a diferença, pelo menos para mim. Não me interessa você que não faz a diferença. Não me interessa a sua indiferença, ou, a sua teimosia em ser igual. Não me interessa teu carimbo, teu clichê. Não me chame pra esse teu lugar comum. Quer vir pra cá? Seja sempre bem-vindo. Agora, limpe os pés, lave as mãos e, principalmente passe uma borracha no teu HD.

OBS: Foto de Daniel Chastinet

21.10.07

Sacos



Saco pra nascer

Saco de pipoca

Saco pra viver

Saco de idiota

Saco pra socar

Saco de pancada

Saco de açúcar

Saco de risada

Saco de pão

Saco de meizinha

Saco de carvão

Saco de farinha

Saco de café

Saco de gato

Saco de coité

Saco de gente

Saco de arroz

Saco de feijão

Saco de noz

Saco de chão

Saco de pano

Saco de papel

Saco de ano

Saco no céu

Saco de couro

Saco aberto

Saco de ouro

Saco de Alberto

Saco fechado

Saco de água quente

Saco lotado

Saco de repente

Saco de dormir

Saco de risada

Saco de luzir

Saco de cocada

Saco sem fundo

Saco com dobra

Saco imundo

Saco de cobra

Saco de merda

Saco de aula

Saco de farda

Saco de Paula

Saco de corrida

Saco furado

Saco de parida

Saco dourado

Saco de plástico

Saco de cimento

Saco amniótico

Saco de corrimento

Saco de açúcar

Saco de gargalhada

Saco da puta

Saco pra tudo

Sem saco

Saco pra tudo

Puxa-saco

Um saco


19.10.07

Lá Vem Você

Lá vem você
Aguçando minhas salivares
Aumentando o volume do meu calção
Fingindo nervosa
E toda gostosa
A me desejar

Lá vem você
De passos maneiros
De corpo estradeiro
A me paquerar
Mostrando em decote
Seus seios tão fortes
Seus meios exatos
A me dominar

Lá vem você
Toda cheirosa
Cheirando a capim
Vestido rendado
Corpinho marcado
A me sussurrar
Deixando em suspense
Os meus pensamentos
Calcinha apertada
Boquinha beijada
A me bolinar

Eternamente

Esteres tipos à parte
Histéricos etéreos
Estéreis éteres
À parte em parte
Na parte reparte
Interim estercos
Heteros ápteros
Parte pra ti
Éter na mente
Mentalmente

Espaço ou Nave

Saco de dormir
Um saco dormir
Rolando cama adentro
Via láctea ao meu alcance
E penso
Em Sônia
Insônia
Sonhei acordado
Acordo firmado
Não sonho mais
Acordo mijado
Vai mais um sonho?

Divagações

No espaço
Faço traços e troças
À caminho da roça
À cata do meu pão

Que está na padaria

E que bem que eu queria

Estivesse no chão
Publico meus escritos
Solto meus gritos

Ganidos roucos e afoitos


Minha caneta imaginária
Sempre operária
Riscando rabiscos
Arabescos

Crio desenhos perfeitos
Usados pelo prefeito
Pra enfeitar a cidade
E a cidade continua
Sua luta nua
Em busca da padaria

Apenas


Dá-me um gole
De coragem
Uma força
De vontade
Uma saudade!

Pode me dar?
Um pingo
De vergonha
Um pouco
De caridade.

Mas me dá
Uma vontade
De correr
Da cidade
Que tarda
Mas falha

Voltando
Tô com vontade
Que arde

Dá-me coragem
De um gole
De saudade
Uma pouca vergonha
Um pingo de caridade
Vamos correr
Da cidade
Que é tarde
Que valha
À pena
Apenas.