23.11.07

À espera

Cadê o que você prometeu? Segundo me consta, deveu tem que pagar. Mas você não apareceu. Sei não, mas fiquei mal. Desde as 20 horas tava lá. No local combinado e com a roupa prometida. Aliás, cheguei uns sete minutos antes, pra não provocar falatórios. Não gosto de atrasos, mas odeio esperar. Via você em qualquer pessoa. Imaginava estar disfarçada, só pra me despistar. Imaginei até ser uma bela mulher loira, alta, elegante, de salto alto, vestido amarelo-ouro e batom bem vermelho que vinha em minha direção. Viajei demais. Não era. Nem olhou pra mim. Nem me reparou com a camiseta do Botafogo que te prometi usar. E, delongas mais, dancei. Amarelei de tédio. Minha barriga começou a pedir pinico. Uma caganeira se avizinhava. Contorci-me de dor. Procurei um refúgio pra me ver livre daquelas lombrigas, mas tive que acelerar o passo pra conseguir chegar em casa. Quem dera uma fralda geriátrica naquele momento! Quem dera estar num shopping (apesar de odiá-los). Quem dera ter te encontrado, pois nada disso teria acontecido. Meu emocional emocionou, aliás, decepcionou. Milhares de informações chegavam ao meu cérebro, frutos do meu pensamento. Pensando besteiras. Pensando em você e no bolo que me destes. Consegui subir 3 vãos de escadas, a passos cuidadosamente lentos, mesmo sabendo que a lentidão era minha maior inimiga naquele momento. Mas não podia desconcentrar-me, pois certamente a merda viria. Nada de relaxar, tinha mais era que segurar a onda. Até a chave ficou difícil de enfiar na fechadura, mas consegui já bastante suado e com a pressão lá em baixo. Dava mais não. Finalmente sentei naquela coisa branca, fria e maravilhosamente linda. O vaso sanitário deu de dez a zero em você naquele momento. Nunca imaginei que um vaso sanitário fosse tão lindo! Tão meu amor. Você? Acho que desceu na descarga.